Entrevista com o Gabriel Marques: Das doenças e dor crónica para o entusiasmo de viver!
Gabriel Marques – 30 anos, músico e empreendedor. Provavelmente essa seria a apresentação mais esperada e formal. Mas muitas vezes quando leio histórias de vida, sinto que este tipo de descrição nunca encerra em si a essência de uma pessoa. O Gabriel Marques visto pelo meu olhar é um entusiasta da vida – uma pessoa que sabe apreciar as pequenas coisas e o que realmente tem valor, precisamente porque conhece a dura realidade da doença, da fragilidade física e mental, da dor e da sensação de estar entre a vida e a morte. É alguém que com muita facilidade mobiliza e inspira as multidões porque o seu exemplo de vida funciona como espelho no qual muitos conseguem rever-se, descobrir-se e inspirar-se. Vamos conhecê-lo!
Gabriel Marques – 30 anos, músico e empreendedor. Provavelmente essa seria a apresentação mais esperada e formal. Mas muitas vezes quando leio histórias de vida, sinto que este tipo de descrição nunca encerra em si a essência de uma pessoa. O Gabriel Marques visto pelo meu olhar é um entusiasta da vida – uma pessoa que sabe apreciar as pequenas coisas e o que realmente tem valor, precisamente porque conhece a dura realidade da doença, da fragilidade física e mental, da dor e da sensação de estar entre a vida e a morte. É alguém que com muita facilidade mobiliza e inspira as multidões porque o seu exemplo de vida funciona como espelho no qual muitos conseguem rever-se, descobrir-se e inspirar-se. Vamos conhecê-lo!
1. Gabriel, como descobriste
o estilo de vida crudivegano?
-
Descobri através de uma amiga no Facebook que me recomendou vídeos do Dr.
Robert Morse aos quais já tinha assistido, embora nunca tivesse dado grande
atenção a eles. A insistência da minha amiga fez-me olhar para essa informação quando
já estava muito próximo de desistir por já ter tentado praticamente tudo a nível
de terapias convencionais, alternativas e dietéticas.
2. De que forma começaste
a tua mudança alimentar – de forma gradual, primeiro com uma transição para o
veganismo, ou diretamente pelo crudivorismo?
-
Após um período de cerca de ano e meio numa alimentação paleolítica biológica (sem
resultados) acabei por alterar para o crudivorismo de um dia para o outro. Foi
uma necessidade porque nessa fase o meu estômago estava praticamente paralisado
e a única coisa que entrava eram líquidos e frutas como melancia, uvas e
laranjas.
3. De que forma esta
alimentação te ajudou a nível físico?
-
Simplesmente me tirou de um buraco em que estava entre a vida e a morte.
Ajudou-me em todos os aspetos físicos. Desde os mais graves como a doença
cardíaca com a qual nasci, até aos problemas intestinais graves, problemas de
pele, alergias, arritmias, dores de costas crónicas, artrites, etc.
4. Que mudanças sentiste a
nível emocional e mental?
-
Na altura em que comecei a mudança estava no meu ponto mais fraco de todos em
termos de ansiedade e depressão. Mês após mês essa situação foi melhorando e
neste momento sinto me completamente livre desses sintomas. Em termos de
ansiedade posso dizer que nunca me senti tão bem e confiante perante qualquer
desafio de vida como agora. É algo que nunca tive a oportunidade de sentir.
Sinto-me muito aliviado e feliz nesse aspeto. Há dias que posso estar um pouco
mais retraído, mas identifico isso como algo que está a acontecer a nível de
limpeza física e emocional. É um processo muito natural ao qual nos habituamos.
5. Quais foram os
problemas que consideras que conseguiste eliminar apenas com a ajuda da
alimentação natural?
- Cansaço extremo crónico, insónia, Síndrome de Intestino Irritável,
Nódulos Pulmonares, Dores de Costas crónicas, artrose nos dedos, Depressão,
Ansiedade extrema, Tonturas crónicas, Alergias, urticária, hipoglicemia, Fadiga
Adrenal, Acne, Blefarite, visão distorcida, falhas de memória, gastroparésia.
É a primeira vez na minha vida que consigo correr durante minutos sem ficar
sem ar e sem ficar com o coração acelerado ao ponto de parecer que vai saltar
fora. Isto para mim é a primeira vez que estou a ter essa sensação, parece que
renasci!
6. Há alguma diferença na
alimentação vegan/crua que tinhas enquanto estavas mesmo doente e agora, depois
de ter ultrapassado a maior parte desses problemas?
-
Sim. Por causa da gastroparésia (paralisia do estômago) fui forçado na altura
mais crítica a beber apenas líquidos e comer frutas como melões, laranjas, uvas
e melancias. Conforme o corpo foi regenerando e desintoxicando fui introduzindo
saladas e muitas gorduras como abacates, azeitonas e sementes de cânhamo.
Ultimamente introduzi batata doce, batata e abóbora cozida por questões de conveniência,
mas sinto-me sempre melhor se me mantiver 100% cru. O hábito de fazer sumos
diariamente continuo a ter. Nunca em 2 anos deixei de fazer sumos (verdes, de
fruta e de laranja especialmente).
7. Qual é a tua
alimentação neste momento? O que comes num dia típico?
-
Sumos naturais espremidos diariamente fazem parte da minha vida pois têm um
papel fundamental na forma como sinto o corpo a libertar as toxinas e o muco.
Neste
momento consumo 50% frutas; 40% saladas com boas gorduras; 10% cozidos (batata,
batata doce, abóbora).
Não
como vegetais ricos em enxfore, nem crucíferos desde que iniciei este percurso (como
por exemplo alho, cebolas, brócolos, couve-flor, couve) e evito qualquer tipo
de vinagre ou produto que possa conter sulfitos. Os sulfitos são, na minha experiência,
extremamente tóxicos para o cérebro.
Um
dia normal para mim é acordar e fazer logo sumo de laranja ou preparar sumos
variados na minha máquina que bebo durante esse dia e o próximo. A seguir como
qualquer tipo de frutas ou batido/smoothie. Ao almoço faço uma salada ou como
muita fruta também. Durante a tarde se tiver fome como algumas frutas ou
mantenho-me apenas a sumo. À noite sou capaz de comer uma refeição grande cheio
de vegetais crus e algumas batatas cozidas a vapor de preferência.
Há
dias que passo o dia todo a sumo e como apenas uma refeição à noite e sinto que
isto é uma alternativa muito eficaz e que o meu corpo parece adorar.
Aos
domingos geralmente costumo jejuar a sumo.
8. Na tua opinião, porque
é que as pessoas comem tão mal hoje em dia?
-
Porque fomos habituados assim e porque temos várias indústrias a incentivar
muita porcaria em todo o lado para onde nos viramos por razões puramente
económicas. Temos uma sociedade inteira que nos rodeia que se alimenta mal e
assumimos isso como sendo o “normal”, portanto acabamos por nem questionar o
status quo.
9. Que conselho darias a
alguém que está mesmo doente e que fez o que a medicina tradicional tinha para
oferecer, mas sem sucesso?
-
Diria a essa pessoa que ganhe juízo sinceramente relativamente à medicina
tradicional. Juízo no sentido em que temos que ser nós os responsáveis pela
nossa própria saúde. Nunca vi alguém a sentir-se bem deixando outra pessoa
tomar decisões sobre a sua própria saúde. Diria a essa pessoa que tem que se
informar e filtrar as melhores fontes de informação. Para mim a melhor fonte é
olhar para exemplos de pessoas como eu e outras que saíram de situações muito
complicadas. Pegas na informação dessas pessoas, estudas os livros e vídeos que
essas pessoas recomendam, experimentas com o próprio corpo e tiras as próprias
conclusões. Mas antes de tudo, para mim, aquilo que maior impacto tem no que
observei em mim próprio e em muitas pessoas à minha volta é algo que está bem antes
da alimentação e a isso chama-se fé. Fé é acreditares com o teu coração
independentemente da cabeça ter razões lógicas para isso ou não. Fé é a melhor
motivação de todas.
10. Sabes que hoje em dia
muita gente vive para comer e não come para viver. Ou seja, a alimentação
deixou de ser apenas algo que fazemos para nutrir o nosso corpo e passou a ser
um vício. Na tua opinião, qual é a melhor forma de quebrar esse ciclo vicioso e
eliminar o vício?
-
No meu caso foi fácil. O sofrimento foi tal que já nem pensava no meu prazer,
por isso passei a ver a alimentação apenas como algo para me nutrir e
possivelmente tirar da situação extrema em que me encontrava. Relativamente a
quebrar o ciclo, inicialmente pode parecer difícil como tudo na vida, mas após
um certo período o corpo acaba por mudar e por ajustar-se ao seu ritmo natural.
Encontras prazer nesta forma simples de te alimentares após um certo período.
Se uma pessoa for criativa, acaba por encontrar ainda mais prazer com o
benefício de promover saúde no corpo, mente e espírito.
11. O que é para ti a
espiritualidade e consideras-te uma pessoa espiritual? Achas que existe uma
ligação entre espiritualidade e comida? Se sim, qual?
-
Para mim espiritualidade é no fundo promover o bem a mim e à minha volta. Qual
a melhor maneira de o fazer do que a alimentação? Ganhamos saúde, ganhamos
vontade de produzir e ajudar os outros, ganhamos mais criatividade, evitamos o
sofrimento dos animais e poluímos menos o planeta. Ficamos de tal maneira em
paz connosco próprios que ficamos muito mais ao serviço dos outros em vez de
estarmos presos ao ego. Ficamos mais conscientes, despertos, fortes e ao mesmo
tempo sensíveis ao sofrimento que nos rodeia. A
forma mais simples que consigo resumir a espiritualidade é: No
passado tinha tendência a procurar livros espirituais de autoajuda e pouco
fizeram por mim. Procurava a espiritualidade em vez de me tornar espiritual. E
a melhor forma que encontrei para me tornar espiritual foi mudar a forma como
me alimento e a gestão do stress que faço através da consciência ativa e da
meditação. Acredito
que todos nós, humanos, animais e plantas somos uma expressão de Deus. Somos a
forma física da consciência e da alma. Acredito que há uma ligação entre nós
todos e que podemos viver harmoniosamente entre nós em vez de haver tantas
guerras, tantos matadouros, tantas invejas e tanta gente deprimida. Acredito
profundamente que este tipo de alimentação poderia mudar o mundo pois, quer
queiramos quer não, isto tem um efeito somato-psíquico.
12. Quando olhas para o
teu percurso de vida até ao momento, o que achas que a mudança alimentar te
ensinou sobre ti próprio?
-
Ensinou-me que afinal tudo é possível. Ensinou-me que as melhores coisas da
vida vêm através das adversidades e das dificuldades. Ensinou-me que temos que
ser gratos pelo facto de estar vivos. Ensinou-me escolher melhor as pessoas que
decido ter na minha vida. Ensinou-me que a persistência e a fé são muito importantes.
Ensinou-me que existe uma força e consciência universal que nos dá tudo o que
precisamos no momento certo quando estamos prontos para o receber. Ensinou-me
que sou muito mais forte do que acredito ser.
Gabriel Marques: https://www.facebook.com/GabrielMarquesBliss
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Entrevista com a Sílvia Bihappy - Uma conversa sobre saúde, amor próprio, lei do retorno e viver a nossa melhor versão!
Sílvia Pacheco – 40 anos, empreendedora
e criadora de arte e conteúdos para o desenvolvimento pessoal. A Sílvia através
do meu olhar é simplesmente…a Sílvia Bihappy – otimista contagiante de sorrisos
rasgados e emoções à flor da pele, focada em superar-se continuamente e ser a
sua melhor versão! Vamos ver o que ela
tem para nos dizer sobre a sua jornada e toda a transformação que se deu através
da alimentação viva e natural:
1. Sílvia,
podes partilhar o que é para ti o despertar de consciência e em que
circunstâncias começou o teu despertar?
Sim,
lembro-me perfeitamente. O meu despertar aconteceu através de uma grande dor
emocional, quando eu tinha 28 anos. Na altura estava num relacionamento, o qual
terminou e eu tinha depositado toda a esperança para a minha felicidade nesse
mesmo relacionamento. É claro que quando percebi que a realidade não estava a preencher
a minha expectativa o “mundo caiu”, bem como toda a percepção sobre a vida. O fim
deste relacionamento não foi o único motivo, mas foi “a gota de água” para eu
mergulhar numa nova consciência e a partir daí tudo mudou.
Despertar
de consciência para mim é, despertar para a verdade, para a verdade intrínseca que
existe dentro de cada ser e do próprio Universo. Sinto que para além da
sabedoria interna que existe em cada ser também existe uma sabedoria universal
e transcendental, que nos ajuda a “abrir os olhos” para o essencial. Na realidade
o mundo não é aquilo que vemos – com os olhos físicos - mas aquilo que sentimos
mais profundamente. O mundo real é mágico onde só existe espaço para a saúde,
para a abundância, para o amor, para a confiança, para a liberdade, para a paz,
para a felicidade, para sermos quem nós somos na realidade, que na verdade
somos luz. Contudo através da nossa experiência no planeta Terra, em conjunto
com as outras vivências já acumuladas de outras vidas, carregamos bagagem que distorce
a presente realidade. No entanto, nessa mesma bagagem temos também presente a
matriz da sabedoria universal e tudo o que acumulamos como talentos e outras
aprendizagens positivas. Quando nascemos neste mundo não nos lembramos de nada,
do que já vivemos, do que somos e vamos crescendo e sendo influenciados pelas
pessoas que nos rodeiam, bem como pelas experiências que vivemos e são os
“abanões” que vamos sofrendo ao longo da vida que nos vão acordando para o que
somos na realidade. E o que nos direcciona para este caminho, é a procura pela
felicidade. O que é que todo o ser humano deseja? – Ser feliz!! Ele sabe que
esse é o seu verdadeiro estado mesmo que seja só inconsciente. E podemos até
procurar nos sítios errados e de forma errada, mas mais cedo ou mais tarde e
através da experiência, descobrimos o “Santo Graal”.
Isto
pode parecer irreal, aos olhos de alguns, mas nunca na minha vida me senti tão real
e verdadeira, naquilo que vejo, sinto e como sou.
2. Encontras
alguma relação entre corpo, mente, a forma como nos sentimos e a vida que temos
e continuamos a atrair?
Sim,
está tudo relacionado. O nível da nossa consciência e o que pensamos gera
sentimentos e experiências que nos fazem vivenciar o corpo e a vida da forma
que vivemos. Tudo o que atraímos está em sintonia com a energia que emitimos e
a única forma de atrairmos o que desejamos é gerar energia de alta vibração que
esteja em sintonia com o que queremos atrair. Todo o “combustível” que damos ao
nosso corpo (em forma de alimento ou produtos que colocamos na nossa pele); à
mente (em forma de pensamentos); e ao que sentimos (em forma de emoções) vai
influenciar-nos na forma como nos sentimos, na vida que temos e que continuamos
a atrair. Para nos sentirmos bem, felizes, e saudáveis precisamos nos tornar
responsáveis pela nossa vida, pelas escolhas que fazemos, porque toda a decisão
que tomamos vai influenciar a nossa saúde mental, emocional e física.
A Sílvia ANTES da mudança alimentar
3. Que
papel teve a alimentação ao longo do teu percurso de vida? Como descobriste o
estilo de vida cru/vegano?
Nunca
liguei muito para a alimentação. Comia por prazer e para não passar fome. Só
por volta dos 30 é que comecei a ter mais consciência de que o que comia podia
afetar o meu corpo. Comecei primeiro por reparar nuns pneus que já não consegui
eliminar, depois noutros pequenos pormenores que não faziam de mim uma pessoa
completamente saudável. Mas o que me levou a descobrir o estilo de vida crudívoro/vegano,
foi querer alcançar outros níveis de consciência mais elevada, até diria que
queria alcançar algo “fora da caixa”. Eu sabia, intrinsecamente que havia alguma
coisa para além do que aquilo que os meus olhos físicos conseguiam ver.
4. Quais
foram os motivos que te levaram a mudar de alimentação?
Eu
procurava por algo que me ajudasse a aumentar o meu amor próprio, a ser eu
própria e a alcançar outros níveis de consciência. Comecei por utilizar uma afirmação
(do género): “Eu liberto-me de tudo o que me impede de ser eu própria”, para
obter o que pretendia, e nessa minha procura descobri um vídeo de um rapaz no Youtube
que despertou a minha atenção. Ele falava de uma alimentação que estava a
transformar toda a sua vida, no sentido positivo. Ele próprio chamava a
atenção, pela energia que emitia, pelo que dizia e pelo seu aspeto jovem e
brilhante. Fiquei rendida porque tinha encontrado a chave do tesouro que eu
queria abrir. Claro que estou a falar da alimentação crudívora.
5. Que
tipo de benefícios físicos, emocionais e/ou mentais sentiste desde que adotaste
uma alimentação de origem vegetal?
Oh!!
São tantos os benefícios. A nível físico retirei os tais pneus, eliminei problemas
de pele, tais como alergias, pele oleosa e pálida. Desconforto intestinal e barriga
inchada também deixaram de existir, bem como unhas e cabelo fraco. Estes são os
que me lembro. A nível mental trouxe-me pensamentos mais harmoniosos, mais
clareza e inspiração. No campo emocional fiquei mais equilibrada. O meu humor
não oscila com tanta frequência e tenho sentimentos mais prazerosos. Esta
alimentação ajuda-nos a enfrentar o que está mal para não desperdiçarmos muito
tempo com emoções que não nos auxiliam a viver a nossa melhor versão. Também me
ajudou a aumentar o meu amor próprio.
A
alimentação de origem vegetal, em especial a crudívora faz uma limpeza no campo
físico, emocional e mental, aumentando a nossa energia – positiva – e
aproximando-nos de quem somos na realidade.
6. Como
é um dia típico na tua alimentação neste momento?
Alimento-me
durante o dia com fruta inteira ou em batidos e à noite com uma grande salada,
acompanhada por vezes de algo cozinhado também simples, como arroz, batatas
temperadas apenas com especiarias ou alguns legumes cozinhados.
7. O
que é que a mudança alimentar te ensinou sobre ti própria?
Ensinou-me
tanto. Que ainda tenho muito para descobrir sobre mim. A alimentação crudivegana
levanta os véus, que fomos criando ao longo das nossas vidas e que “escondem”
talentos e qualidades maravilhosas. Também me ensinou que sou corajosa e muito
determinada. Esta alimentação não é para todos, apenas para os corajosos e
persistentes, porque ao escolhermos este caminho vamos ter de enfrentar o
sistema em que vivemos, vamos ter de enfrentar crenças muito enraizadas a nível
social e por último vamos ter de enfrentar os nossos próprios medos e desafios.
Mas como já bem sabemos, o que faz a maioria nem sempre é o melhor e este é o
caso. Não desejo parecer egóica nem detentora da verdade, mas falo através da
minha experiência. Se esta alimentação me ajudou em tantos sentidos, o que
faria para toda a população?! De certeza que viveríamos num mundo mais
saudável, equilibrado, amoroso e feliz.
8. Consegues
apontar apenas uma prática saudável que sentes que mais transformou o teu corpo
e mente?
Cuidar
do meu diálogo interno e falar gentilmente comigo mesma, todos os dias! Quando
utilizamos palavras ou afirmações que nos empoderam transformamo-nos no melhor
que existe em nós.
9. Tanta
gente hoje em dia tem problemas em gostar de si, em aceitar-se como é e
sentir-se alguém com valor e à altura dos desafios que a vida lhe apresenta.
Como alguém que aborda com frequência os temas da autoestima e amor próprio, o
que dirias a uma pessoa que lida com estes problemas?
Primeiro
precisa de comprometer-se consigo própria, que fará o necessário para se amar.
É tal e qual deixar de fumar. Uma pessoa só deixa realmente de fumar quando
decide. Eu sei, já fui fumadora e também já vivi com baixa autoestima. Por
isso, o primeiro passo é decidir. Depois é utilizar técnicas que ajudem a mudar
o discurso interno de forma a passar do ponto A, uma pessoa com baixa
autoestima, para o ponto B, uma pessoa que se valoriza e que tem plena consciência
que merece viver a sua melhor versão. Na prática pode não parecer tão simples
porque requer persistência e é preciso ter em conta que é algo que leva um
determinado tempo. Se levamos um certo tempo para “construirmos” a pessoa que
somos também levará o seu tempo para construir aquela pessoa que queremos vir a
ser. Mas está ao alcance de qualquer um. Quando decidimos, nos disciplinamos e
utilizamos as técnicas certas tudo podemos mudar!
10. Na
tua opinião, o que devemos fazer para aumentar o nosso amor próprio?
Basicamente
é comprometer-nos com o nosso amor próprio. A partir daí é praticarmos hábitos
saudáveis que estejam em sintonia com a nossa melhor versão. De que hábitos
falo? De termos um discurso interno amoroso – reclamar, vitimizar-se, criticar,
etc., não fazem parte desse discurso – de alimentar-nos com alimentos que nos
empoderem, de fazer exercício físico, de fazer coisas que nos entusiasmem, de
estar em contato com pessoas que nos elevem…É fácil identificarmos quando não
nos estamos a tratar bem. Quando temos ou fazemos algum tipo de prática que nos
faz sentir mal ou que não nos traz vantagem não estamos a cuidar de nós. Uma
pergunta que nos direciona para o amor próprio é: O que faria a minha melhor
versão nesta situação? E teremos a resposta certa para aumentarmos o nosso amor
próprio.
11. Reparei
que a lei da atração é um tema que gostas de abordar. Podes partilhar algum
episódio que exemplifica como funciona essa lei e de que forma mudou a tua
vida?
Sim,
gosto muito de falar da lei da atração porque é um assunto que dá vida à minha
criança interior. Posso sonhar e materializar aquilo que sonho. Já materializei
um carro, viagens, um trabalho, etc. Posso partilhar a minha experiência sobre
como atrai um emprego. Fi-lo através de uma carta (uma carta mágica – o meu
vídeo mais popular no Youtube) em que escrevi o que queria porque não estava
satisfeita com o trabalho que tinha no momento e depois fui entregar
currículos. A seguir afirmei que a primeira pessoa que me contatasse teria o
trabalho certo para mim. Nesse mesmo dia recebi um telefonema a convidarem-me
para trabalhar. O que é engraçado é que não foi nenhum daqueles trabalhos onde
entreguei o currículo, nem sabia que essa pessoa estava a precisar de alguém. Segundo
a minha intenção, o Universo trouxe aquilo que pedi.
Lei
da atração para mim significa lei do retorno, o que emitimos recebemos de volta
por isso somos muito poderosos porque temos o poder para criar, seja o que for.
O que nos diferencia dos animais e das coisas é que temos o poder para pensar e
através da emoção materializamos coisas e experiências. Somos todos energia,
mas o poder para criar só pertence ao ser humano. A lei da atração não é algo
sobrenatural, é uma lei que existe e que está comprovada pela física quântica.
Quer queiramos quer não ela existe e está sempre a funcionar, por isso já que temos
este poder porque não o utilizamos a nosso favor? E foi com esta descoberta que
mudei a minha vida. Sei que posso criar tudo!!
12. O
que dirias a alguém que deseja muito mudar a sua vida, mas nem sabe por onde
começar?
A
primeira coisa que diria seria: “Conhece-te e ti mesmo!” Só quando começamos a
viajar pelo nosso interior é que a vida começa a mudar, no sentido positivo. Na
prática diria para procurar por uma ou mais técnicas que se sentisse em
sintonia e que o ajudasse a desenvolver pessoalmente, para aumentar o seu amor
próprio. Quando nos fortalecemos por dentro, quando desenvolvemos um corpo
físico, mental e emocional saudável e enriquecido mudamos toda a nossa vida.
Para terminar, na tua opinião qual é o
segredo que nos permite ser a nossa melhor versão?
Basicamente
é AMAR! Quando nos amamos, escolhemos os melhores alimentos, a melhor companhia,
coisas que nos entusiasmem e caminhos que nos ajudem e nos permitem viver a
nossa Melhor Versão!
Vive A Tua Melhor Versão!
Sílvia Bihappy: https://www.facebook.com/silvia.bihappy
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC0MNAnXz0X7caGCuv6dcW9w
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Entrevista com a Marisa Vilela - Mente sã em corpo são e o papel da alimentação e exercício físico
Marisa Vilela – 40 anos, cabeleireira. A Marisa vista através do meu
olhar é uma menina mulher sem idade, dotada de um foco e persistência
admiráveis. Forte como o aço por fora, mas algodão doce por dentro. Ela é
o todo – uma verdadeira força da natureza! Aqui está um resumo do caminho que
percorreu na alimentação crua e vegana:
1- Marisa, quando e em que circunstâncias
descobriste a alimentação (crudi)vegana?
- No verão de 2014 regressei das férias
com uma “alergia” nas mãos, e em conversa com um amigo,o Marco Oliveira, tomei
conhecimento do site Vida em estado cru onde se defendia a cura pela
alimentação crua.
2- O que te fez dar esse passo tão importante
de mudar de hábitos alimentares? Na altura em que mudaste sabias que seria uma
mudança permanente ou achavas que estavas a fazer uma “dieta” temporária?
- Inicialmente foi essa ”alergia” que me
fez mudar de alimentação, visto que a medicina convencional não me dava
soluções. Eu andei um ano com as mãos cheias de bolhas, que para além de uma
comichão terrível, as bolhas rebentavam e ficavam sem pele, uma lástima! Mas o
meu histórico de problemas de saúde não termina aqui. Eu sofri de bronquite 12 anos;
estive 5 anos com depressão; tinha dores de cabeça quase diárias; crises de
herpes que me lembro de ter desde criança e que foram aparecendo em sítios cada
vez mais preocupantes; sofria de insónias e ansiedade; tinha muitas dores nas
articulações; tinha vitiligo há 16 anos, por isso nada tinha a perder. Na altura
em que mudei pensei que seria uma “dieta” temporária e que assim que melhorasse
provavelmente voltaria à alimentação tradicional. Fui fazendo um mês, depois
outro e ao fim de três meses as mãos estavam totalmente curadas, larguei a
medicação da depressão; as dores de cabeça desapareceram; comecei a dormir bem;
a ansiedade tinha desaparecido e tinha a cada dia mais força e vontade de
viver!!! Agora eu costumo dizer que é um amor para a vida toda!!!
3. Que
impacto teve a mudança na tua saúde? Quais foram os efeitos que sentiste?
- O impacto foi enorme, pois para além de
ver algumas doenças curadas, eu comecei a ver que o meu psicológico estava
diferente e eu nunca tinha pensado que a comida podia interferir com essa parte
tão importante. Senti a cada dia a auto-estima e o amor póprio a
aumentar. No fundo eu senti que estava a renascer!
4. Certamente sabes que a tua forma física é
uma grande inspiração para muitas mulheres e homens que te acompanham. És a
prova de que é possível ser vegano e ter força, definição e boa massa muscular.
Foi difícil conciliar a alimentação vegana com a paixão pelo exercício físico?
- Na transição para a alimentação vegana
perdi cerca de 8kg, o que para quem já era magra se notou bastante, e isso fez
com que no ginásio tivesse de diminuir muito á carga pois não tinha força para
pegar no mesmo peso que pegava anteriormente. Tive de recomeçar, mas depressa
notei os abdominais a ficar super definidos e isso deu-me muita motivação para
continuar a treinar. Hoje em dia ainda não pego na mesma carga, mas isso deixou
de ser importante pois até nisso eu mudei e deixei de ser obsecada, gosto de
mim como sou! A alimentação vegan não me dificultou em nada, pois continuo a
ter força e energia para treinar.
5. Desde que começaste a treinar mais a sério,
quanto tempo demoraste até alcançar a fantástica forma física em que te
encontras agora?
- Eu faço exercício físico desde os 15
anos. Cheguei a ter em casa aparelhos de musculação, mas há 5 anos
matriculei-me no ginásio e comecei a treinar mais a sério. A mudança na
alimentação deu-se em junho de 2015, bastaram-me 2 meses para ficar com o
famoso six-pack e isso deixou-me tão feliz! Nessa altura só não gostava de me
ver com as pernas tão magras, visto que tinha emagrecido muito, mas aos poucos
estou a recuperar o peso e a massa muscular.
6. Para além da alimentação de origem
vegetal, usas suplementos? Se sim, quais?
- Não uso suplementos, apenas
superalimentos/algas que são concentrados em proteína como a spirulina, clorela.
7. Em que consiste um dia típico na tua
alimentação?
- Como pratico o Jejum Intermitente de
17h, a minha primeira refeição é às 13h. Começo com 1 litro de sumo de vegetais
e limão, e fruta inteira. Às 15h já sinto alguma fome, por isso bebo 1 litro de
sumo de laranja e limão. Ao lanche, por volta das 17h, bebo 1 litro de batido
de fruta, vegetais de folha verde (espinafres, salsa, hortelã e cidreira
fresca), spirulina, clorela, urtigas, aloe vera e maca. A minha última refeição
é o jantar, por volta das 19.30h que é onde como algo cozinhado de origem
vegetal e sem gorduras (arroz, batatas, batata doce, quinoa, lentilhas, ervilhas,
favas, trigo sarraceno, brócolos, couve flor e muito raramente feijão ou grão
de bico), sempre acompanhado de uma saladona e 1 litro de sumo de cenoura que
bebo no ínicio. Não esquecendo a importância da água, bebo 3 litros por dia. Ao
acordar bebo 500ml de chá de pau d´arco e ao deitar bebo 500ml de chá de
alcaçuz (não alteram a mecânica do Jejum Intermitente).
8. Notas diferença entre a alimentação que
tinhas na tua fase de transição para o veganismo e agora vários anos
depois de ter concluído essa transição? O que se mantém igual e o que mudou?
- Sim, muita!!! Na altura da transição
lembro-me de comer 23 peças de fruta por dia, fora o almoço e jantar em que
comia cozinhados e saladas, pois sentia muita fome!! Hoje em dia já não sinto
essa fome/vontade de comer, pois o organismo aproveita melhor os nutrientes.
Acredito que cada ano é diferente, e o corpo vai ditando aquilo que mais lhe
faz falta, é só estar atenta.
9. O que dirias a alguém que deseja mudar a sua
forma física e hábitos alimentares, mas está perdido e até desmotivado. Por
onde começar?
- Eu recebo inúmeras mensagens a pedir
ajuda, tanto para emagrecer como para fazer a transição para a alimentação
vegana, e o que eu aconselho sempre é que aos poucos larguem os produtos de
origem animal, produtos processados e refinados e conto a minha experiência
relatando um dia normal na minha alimentação. Eu adoro postar nas redes sociais
(facebook e instagram) fotos das minhas receitas e digo sempre a quem me pede
ajuda para irem lá espreitar, para ficarem motivados, e pelas mensagens que
recebo está a resultar! Fico de coração cheio pois o intuito das minhas
postagens é mesmo motivar quem perdeu a força e vontade de seguir em frente! Eu
defendo que a alimentação é a base e o exercício o complemento!
10. “É normal, já não vou para nova!” é uma
frase que muitas mulheres que eu conheço usam para justificar o peso a mais, as
gorduras a mais e um progressivo desleixo com a aparência física que se
verifica especialmente depois de casar e ter filhos. O que pensas sobe isto?
- Eu acho que tudo tem a ver com a relação “comida
tóxica” = “mente enfraquecida” ou seja, na minha opinião, as pessoas já estão
de tal forma anestesiadas pelos vícios e medicamentos, que já perderam a
vontade de tudo. Sentem-se doentes, desmotivadas, depressivas, ansiosas e vivem
em modo piloto automático, já deixaram de ter força de viver, andam aqui por
ver andar os outros! As pessoas acomodam-se, acham que o estar doentes, com
peso a mais e deprimidas é o normal, é da idade!! Eu já estive no fundo, com a
mente tão mas tão apagada, mas nunca me acomodei. Eu pesquisei, eu lutei, eu
tinha a certeza que vim a este mundo para ser feliz e sabia que ao lutar iria
ganhar cada vez mais força para o conseguir e fico triste por ver as pessoas
desistir tão facilmente da felicidade. Mas eu já aprendi que cada um tem o seu
caminho a percorrer.
11. O amor próprio é um dos temas frequente
nas tuas partilhas nas redes sociais. O que significa para ti ter amor
próprio e como o cultivas?
- Eu descobri o amor póprio há muito pouco
tempo…. Vivi muitos anos à sombra do ego, mas finalmente descobri que ter amor
próprio é colocar-me sempre acima de tudo, gostar de mim como sou, jamais me
autocriticar, saber controlar os pensamentos para não sofrer com eles.
Felizmente comecei a ter sabedoria suficiente para dizer não ao que me
incomoda, ao que me faz mal! Aprendi que elogiar-me ao espelho é uma terapia
maravilhosa!! A forma que tenho de cultivar o amor póprio é cuidar bem de mim
por dentro e por fora, ou seja, alimentando-me bem, fazendo exercício físico,
descansando bem, meditando, praticando as afirmações positivas, sorrindo e
enviando luz ao universo.
12. Como mãe de uma filha adolescente qual é, na
tua opinião, o nosso papel (de mulheres e mães) na criação de bons hábitos
alimentares e uma imagem corporal positiva nos nossos filhos?
Infelizmente hoje em dia é muito comum
ver adolescentes com peso a mais e isso deixa-me triste mas também revoltada! A
responsabilidade de isso acontecer é dos pais, pois são eles que compram a
comida para casa! A educação alimentar faz-se em casa, dando o exemplo. Eu costumo
dizer que uma das maiores heranças que deixarei à minha filha é a alimentação
que fazemos. A Bruna começou na alimentação vegana há 2 anos e meio, tinha
acabado de fazer 15 anos, e não foi porque a obriguei a fazê-lo, ela mesma
comprovou o resultado que estava a ter em mim, logo o exemplo fui eu! Se és uma
mãe que enche os armários de casa com guloseimas, se preparas refeições cheias
de gorduras, se estás sempre a petiscar comida embalada e processada, o teu
filho fará igual,certo?! Mais tarde estes jovens irão ser obesos, doentes, cheios
de problemas de auto-estima e infelizes, e isso é muito triste! Basta olharmos à
nossa volta para ver tanta gente nova a morrer de cancro, já pararam para
pensar porque será? Eu faço aqui um apelo aos pais: Sejam atentos, sejam responsáveis
e todos serão muito mais saudáveis e felizes!
13. O que te ensinou o teu percurso no veganismo
sobre ti própria e qual foi o impacto que teve na tua vida no geral?
- O ensinamento mais importante que tive
foi que a comida não me controla mais e isso faz de mim uma pessoa livre! O
maior impacto que teve em mim foi passar de uma pessoa stressada, deprimida,
negativa, escura por dentro e sem motivação para viver, para uma pessoa mais
alegre, calma, confiante e com sabedoria interior para aguentar cada obstáculo
que a vida nos propõe, pois eles são meros ensinamentos por que temos de passar
para crescer! Sem dúvida que a maior mudança em mim nem foi a física - foi a
mental e estarei grata por isso eternamente, pois agora sim, estou a VIVER!
Marisa Vilela: https://www.facebook.com/marisa.vilela.90
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Entrevista com a Adriana Torres - Yoga, Alimentação Natural e Gravidez Vegana
Adriana Torres – 27 anos,
Professora de Yoga, apaixonada pela Natureza e quase mamã. A Adriana
através do meu olhar é o equilíbrio perfeito entre mente, coração e intuição. Exigente,
orientada para a evolução pessoal e racional, mas também intuitiva e muito bem
informada sobre o grande poder do corpo e mente humanos. Tudo na dose certa!
Vamos conhecê-la!
Yoga e alimentação de origem vegetal…Muitos dizem que uma coisa não
implica a outra. Enquanto professora de Yoga, qual é a tua opinião – acreditas
que a alimentação de origem vegetal e a prática de Yoga vão de mãos dadas?
Acredito que inevitavelmente uma coisa
acaba por levar à outra. Não encaro o Yoga apenas como uma prática física – vai
muito mais além do tapete. O que nos permitimos aprender com o Yoga é
transportado para todos os aspectos da nossa vida, seja a nível mental,
emocional, físico ou alimentar. Acredito que tudo está relacionado. Se me
respeito, se respeito os outros seres, como não poderia ter uma alimentação de
origem vegetal?
Foi a prática de Yoga que te deixou interessada no veganismo ou
vice-versa? O que veio primeiro na tua vida?
Primeiro veio o vegetarianismo e foi
tudo muito gradual. Só depois me tornei vegana. O veganismo coincidiu com o
início da minha prática de Yoga, mas não de forma consciente. Foi tudo muito
natural e intuitivo.
Conta-nos mais sobre o teu percurso na alimentação vegana…Como a
descobriste e o que te levou a fazer essa mudança?
Desde que me lembro que nunca me senti
bem a comer alimentos de origem animal. Na altura não questionava, claro. Foi a
partir de 2009 que comecei a procurar informação sobre o que nunca me havia
sido explicado: o que estava no meu prato. A minha principal motivação para deixar
de comer carne foi toda a indústria e exploração a que os animais estão
sujeitos para que se tornem num “alimento”. Lembro-me que fui reduzindo o
consumo de carne, deixando ficar o peixe. Depois acabei por eliminar o peixe,
deixando ficar os derivados. Só mais tarde eliminei os derivados. Rapidamente percebi
que para além de ter deixado de contribuir para esta indústria, melhorei imenso
a minha saúde e a motivação passou, também, a ser por mim mesma e mantém-se
assim até hoje.
Há quanto tempo és vegana?
Primeiro veio o vegetarianismo, de forma
gradual, a partir de 2009. Sou vegana desde 2014, altura em que encontrei o
Vitaliza.
Qual foi o teu maior desafio durante a fase de mudança e transição,
e como o ultrapassaste?
Acho que o desafio/preocupação maior é
sempre como vamos fazer as “substituições”. Talvez porque ainda estamos no
início e não temos muita experiência nem informação. Ou, na verdade, a
informação é muita, tornando-se até demasiada. Lembro-me, por exemplo, de
experimentar o tofu e seitan e não gostar nada. Só mais tarde percebi que
também não são fundamentais, até pelo contrário. Ser vegetariano não significa
nada ser saudável. E esta questão de aprender o que é saudável ou não para mim também
surgiu, mais tarde, com o veganismo.
Na altura ainda vivia com os meus pais e
tenho que referir que sou realmente abençoada por sempre terem apoiado as
minhas escolhas e nunca terem sido um entrave à minha mudança.
Ao pensar na questão da transição, há
algo que ficou muito marcado: como o nosso paladar muda. Nunca fui daquelas
pessoas muito esquisitas com fruta e legumes, mas havia coisas que não
conseguia comer, ou misturas que achava impensáveis fazer. Hoje em dia, olhando
para trás, percebo que realmente o paladar se pode trabalhar e é, de facto, uma
liberdade enorme.
O ultrapassar os desafios que possam
surgir, acho que vai sempre depender da nossa motivação e comprometimento.
Quais são as principais melhorias que sentiste ao nível da saúde ao
transitar para o veganismo?
Inicialmente com o vegetarianismo
sentia-me apenas mais leve. As grandes melhorias vieram mesmo com o eliminar de
todos os derivados de origem animal, portanto, quando me tornei vegana.
Era daquelas pessoas que sofria imenso
com rinite alérgica e sinusite. Desapareceram quando eliminei a 100% os
derivados do leite (leite já não consumia), quando comecei a cozinhar de forma
simples e limpa (sem gorduras) e quando comecei a fazer Neti Pot (irrigação
nasal).
Tinha também desequilíbrios hormonais.
Quando transitei para o veganismo, decidi também deixar de tomar a pílula e
nesta altura lidei com muita limpeza (o sumo de laranja com maca foi o meu
maior aliado). Foi aqui que conheci a Zlati e fiz um dos pacotes Vitaliza. E o
que isto transformou a minha vida!
Comecei a introduzir os batidos e sumos
pela manhã, a aumentar em geral a ingestão de fruta e legumes e a eliminar os
processados. Pouco tempo depois já conseguia passar a maior parte do dia a
comer alimentos crus, nutricionalmente ricos. Passei a fazer uma refeição por
dia cozinhada, normalmente ao jantar. Como pretendia limpar mais e mais, e
estava com disponibilidade e abertura para o fazer, comecei a praticar o jejum
(24H) ou o jejum intermitente. Nesta sequência, fui desafiada a fazer uma semana
de comida crua. Essa semana estendeu-se a 10 dias e foi a maior limpeza do meu
corpo. Para além da limpeza e cura física foi também uma limpeza e cura mental
e emocional – daí dizer que tudo está sempre relacionado.
Quando as outras pessoas ficam a saber como te alimentas, qual é a
pergunta que te fazem com mais frequência e como costumas responder?
A pergunta mais frequente é sem dúvida:
mas então o que comes? Respondo muito simplesmente que como tudo o resto (SÓ
não como a carne e o peixe). Normalmente não me alargo muito mais, a não ser
que a pessoa esteja realmente interessada em saber mais.
Qual é o alimento que te dá mais energia?
Não consigo definir um só alimento. Mas
diria que a fruta!
Que impacto teve a manutenção de um estilo de vida vegano na tua
prática de Yoga? Notaste alguma mudança no teu estado e desempenho físico?
O Yoga veio ao meu encontro quando me
tornei vegana. A prática é bastante diferente agora do que era no início,
claro. Também por outros factores, mas sinto que a alimentação vegana e,
principalmente, limpa, foi um passo verdadeiramente importante para me tornar
uma pessoa com mais vitalidade, flexibilidade e motivação pela prática,
entregando-me e confiando muito mais no processo.
E agora sim, vamos falar do mais óbvio: a tua gravidez! Estando na
reta final da tua gravidez, que resumo e apreciação fazes desses últimos meses?
Tem sido uma jornada muito interessante.
Olhando para trás, passou tudo muito rápido e muitas mudanças aconteceram. Mais
uma vez, tive a confirmação de que o nosso corpo é realmente muito sábio e que
é um autêntico privilégio habitá-lo. É algo simplesmente incrível!
Qual tem sido a opinião dos médicos que te acompanharam sobre o
tipo de alimentação e estilo de vida que tens? Notaste algum tipo de preocupação?
Honestamente, até agora nunca fui
questionada sobre o meu estilo de vida – a alimentação é um assunto que lhes
passou ao lado. O meu médico de família sabe que sou vegana e nunca levantou
qualquer problema. Acredito muito que passa pela forma como encaramos e também
como transmitimos as coisas. Fui respeitada quando o informei que não ia fazer,
por exemplo, o teste da glicose por não consumir açúcar. Fiz a monitorização em
casa com uma máquina de diabetes e mostrei-lhe os resultados das medições ao
longo de uma semana.
Mais importante do que as opiniões alheias, como é que tu te tens
sentido? Tiveste uma gravidez saudável?
Sim, considero que tive uma gravidez
saudável. O primeiro trimestre foi o mais complicado de gerir. Tive os típicos
enjoos matinais e não conseguia comer verdes. Já não consumia pão com muita
frequência mas confesso que com a gravidez voltei a comer. Depois do 3º mês
tudo isto passou e voltei a comer alimentos crus (sempre muito bem lavados), a
sentir-me cheia de energia e a fazer a minha vida normalmente. Neste último
trimestre, e principalmente agora na recta final (estou a chegar às 37
semanas), o corpo pede repouso. É um processo único que devemos respeitar!
Como lidaste com os típicos desejos de grávida e alguma vez
chegaste a incluir produtos de origem animal na tua dieta, quer seja por
vontade ou por necessidade?
Nunca incluí produtos de origem animal
(nem derivados). Era incapaz de o fazer! Em relação aos típicos desejos de
grávida, acho que me passaram ao lado. Tive só um episódio em que me apetecia
comer donuts – daqueles típicos. Lembro-me de me obrigar a ir ao supermercado,
ler os ingredientes e obviamente no momento me passar a vontade. Foi muito
fácil desligar daquilo. Não sendo para mim alimento, não teria coragem de
comer. O “mal que faz” sobrepõe-se ao “bem que sabe”.
Usaste vitaminas pré-natais ou algum tipo de suplementos
alimentares?
Sim, a única coisa que fiz foi usar
vitaminas pré-natais veganas. O médico recomendou o típico ácido fólico, ferro
e iodo. Aproveitei e comprei estas vitaminas que para além disso também contêm
a vitamina B12 e Vitamina D que eu sabia, pelas últimas análises (antes da
gravidez), que precisava de suplementar. Para além disso, continuei a usar os
meus aliados: a spirulina, proteína de cânhamo, erva trigo, levedura
nutricional.
Como tem sido um dia típico na tua alimentação estando grávida? Tem
sido diferente em comparação com o que comias antes de engravidar?
O único alimento que voltei a introduzir
que já não comia com tanta frequência foi o pão. Apesar de nutricionalmente não
ser rico, sinto que preciso de alimentos mais densos. De resto, tudo o que me
apetece são refeições muito simples, sem grandes combinações ou misturas.
Estava habituada ao jejum intermitente.
A minha primeira refeição do dia nunca era antes das 11H. Isso mudou
completamente, claro. Agora necessito de comer mal acordo. Começo sempre pela
fruta. Agora com o Inverno faço duas refeições cozinhadas – o almoço e o
jantar, mas no Verão consumia muitos mais crus. Bebo algum leite vegetal (de
arroz e côco) mas o que nunca mudou foi o consumo da fruta em grandes
quantidades e livremente, seja inteira seja em batidos. Quando saio, ando
sempre munida de fruta comigo ou então de barritas (daquelas muito simples).
O que dirias neste momento às mulheres que pensam engravidar ou que
se encontram grávidas, mas só não adotam uma alimentação de origem vegetal por
medo que “algo falte ao bebé”?
Digo que confiem! O nosso corpo e o do
nosso bebé só vão agradecer. É importante ter noção de que uma alimentação
simples e limpa vai ser fundamental e aí não faltará nada – principalmente ao
bébe! Não nos queremos “entupir” de processados numa fase em que não podemos
depois fazer grandes limpezas do organismo.
O que acho mais interessante é que
quando confiamos no nosso corpo, quando o respeitamos e sabemos “ouvir”, ele
dá-nos todas as indicações do que realmente precisa. Confiar e respeitar!
Nas tuas redes sociais dá para ver que foste bastante ativa e
continuaste a dar aulas de Yoga praticamente até ao fim da gravidez. Como foi
essa experiência?
Verdade. Estive a dar aulas até às 36
semanas. Não imaginaria de outra forma. O meu corpo pede isto! A partir de uma
certa fase, foi tudo muito diferente. Principalmente agora mais no fim, não me
é possível fazer tudo aquilo que estava habituada a fazer. Mas é também bonito
por isso… Foi um processo de aceitar as “limitações”. Na minha prática, foco-me
mais em exercícios de respiração e de conexão com a bebé. No entanto, também
pelos benefícios que traz para o parto, mantemos alguns asanas (posturas) e
sequências.
A tua vida está prestes a mudar para sempre. Como imaginas a vida
de mãe em breve e quais são os valores que gostavas de transmitir a esse bebé?
Imagino que vem aí mais um processo de
muita descoberta, aprendizagem, crescimento e entrega. De muita conexão e amor.
E também de desgaste e cansaço.
Enquanto família vegana, queremos
transmitir estes valores de respeito por todos. Por nós próprios, pelos outros,
pelo Planeta. Acima de tudo, gostava que ela soubesse que está mesmo nas nossas
mãos contribuir para um Universo melhor e que se quiser, o pode fazer!
Qual é o conselho que darias a alguém que pretende sentir-se mais
saudável, forte, emocionalmente equilibrado e em paz? Na tua opinião, o que é
que mais nos ajuda a ter um corpo, mente e emoções em equilíbrio?
Que se não tem uma alimentação de origem
vegetal, que comece por aí – e só isto já é um enorme passo! Acredito que tudo
o resto acaba por surgir. No entanto, é preciso questionar, estar disponível
para aprender e para olhar para dentro. Este é outro passo que considero
importante para quem procura equilíbrio.
Para além da alimentação, e como já
escrevi, também passei por processos de limpeza mental e emocional. Processos
de descoberta interior, de perdas, de desconstrução de padrões e
comportamentos, de aceitação.
Claro que considero que o Yoga me trouxe
ferramentas incríveis, que ajudaram e continuam a ajudar imenso em todo o
processo. Se tivesse que recomendar alguma coisa para além da alimentação,
recomendaria o aprender a respirar, a meditação e a gratidão e, para quem se
identificar, o Yoga, claro!
Recuando ao início desta entrevista,
reparei que ao colocar as minhas fotos mais antigas pensei “mas fisicamente não
se nota grande mudança em mim”. Comecei a juntar as fotos e reparei numa grande
mudança no meu olhar e no meu sorriso! E por isto tudo, sou muito grata!!
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