Terapeuta, autor do livro “Peónia Vermelha”, professor de Yoga,
amante da natureza, um observador curioso deste jogo que é a nossa existência e
alguém que consegue desfrutar dos prazeres da vida, mas ainda assim olhar para
além do corpo físico – este é o André através do meu olhar. Quantas mais
facetas tem o André de Oliveira e qual delas é a grande motivação na tua vida?
R:
O teu olhar é cirúrgico e acho que fizeste uma boa leitura. Sem dúvida que há
muito mais para contar e viver, dimensões que talvez não mostre tanto. No
entanto, se tivesse de escolher algo que me definisse e resumisse, diria que
aquilo que me move essencialmente é fazer deste mundo um lugar muito melhor. Quando
cá cheguei, apercebi-me que havia uma série de coisas fora do sítio (risos).
Mas falando mais sério, sinto do fundo do coração que a nossa contribuição é
fundamental para criar um mundo melhor, com mais harmonia, mais celebração da
vida, mais paz, mais respeito pela natureza que, no final de contas, é a nossa
casa. Então sinto que através do meu trabalho como terapeuta, e enquanto
contador de histórias, dou a minha contribuição para as pessoas que querem ser
ajudadas e que querem crescer de alguma forma.
Escrita, medicina tradicional chinesa, Yoga…Fala-nos um pouco
sobre o que motivou estas escolhas de vida e percurso profissional?
R:
Desde cedo me questionava sobre o sentido da vida. Lembro-me que com 14 anos
comecei a ter imensas dores de estômago que me deixavam completamente de
rastos. Lembro que havia noites em que tinha tantas dores que passava três ou
quatro dias para recuperar. O problema era que quando recuperava, voltava a ter
uma nova crise. E isto andou assim durante uns tempos até que me comecei a
questionar sobre o sentido da vida, o que andamos aqui a fazer, quem somos e
para onde vamos. As típicas questões existencialistas que nos assolam quando
estamos assoberbados por sofrimento ou algum tipo de dor. Com o tempo, fui
procurando ativamente o meu caminho. Queria encontrar sentido, queria curar-me
e contribuir para um mundo melhor. Foi algo que despertou em mim muito cedo.
Então descobri as artes como forma de expressão pessoal, algo que me aliviou
imenso a dor e o sofrimento interno que vivia naquela altura, e que ainda hoje
é uma das minhas terapias preferidas. Encontrei esse alívio através da música e
da escrita e, mais tarde, através do teatro. Fiz o curso profissional da
Academia Contemporânea do Espetáculo e tornei-me ator. Logo depois, nessa busca
incessante que continuava a queimar-me o coração, comecei a estudar e a
praticar Yoga e meditação, pois precisava de algo que me ajudasse internamente.
Daí até encontrar a Medicina Tradicional Chinesa foi um passinho.
Enquanto terapeuta, sentes que hoje em dia o interesse pelas
filosofias orientais e por uma visão mais holística da saúde está a
aumentar?
R:
Sem dúvida. É evidente que as pessoas nos procuram cada vez mais. Embora
continue a existir algum preconceito, isso acontece única e simplesmente por
causa da ignorância, pois quando as pessoas procuram a informação e se abrem a
ela, compreendem que estas abordagens holísticas lhes dão as respostas que a
medicina alopática infelizmente ainda não consegue dar. Acho fantástico haver
cada vez mais procura por parte de tanta gente. Tenho pena de ver que algumas
das pessoas que deviam estar mais informadas e preparadas, como médicos e
outros profissionais da saúde, continuem a ter preconceito em relação a
terapeutas como nós. Mas isso é uma questão de tempo. Acredito que em breve
estas terapias e a nossa profissão seja devidamente regulamentada e
implementada no sistema nacional de saúde porque são evidentes as vantagens que
existem em terapias como acupuntura, a naturopatia, a homeopatia e restantes
terapêuticas não convencionais.
À luz da medicina tradicional chinesa, o que é a saúde e quando
se instala a doença?
R:
De forma muito resumida, na medicina tradicional chinesa, saúde é um estado
ótimo de vitalidade física, emocional, mental e espiritual do ser humano. Nesta
medicina, vemos o ser humano como um todo, há uma visão holística do Homem.
Então tudo é importante, tudo está ligado e tudo tem uma razão de ser. Não
consideramos as doenças separadamente como a medicina alopática. Na MTC vemos
as doenças como um desequilíbrio emocional/energético que afeta o mental/físico
da pessoa. Nesta visão holística, todas as emoções são importantes e têm a sua
função no organismo e no comportamento humano. No fundo, os grandes médicos
chineses ancestrais já sabiam que os pensamentos e as emoções estavam
intimamente relacionados com o bem-estar físico e mental dos pacientes. Na
realidade, quando estudamos os grandes clássicos da MTC, as nossas “bíblias”
como eu gosto de lhes chamar, dá para perceber que eles são autênticos tratados
de psicologia humana que deveriam ser estudados nas escolas de psicologia e
psiquiatria atuais.
Na tua opinião pessoal, quais são as características da
sociedade atual que mais nos levam a adoecer?
R:
Sem dúvida o estilo de vida rápido e acelerado que levamos. Parece-me que é
este estilo de vida que nos leva a perder o sentido daquilo que é mais
importante para nós e nos descentra, fazendo-nos esquecer de quem somos. É o
ritmo acelerado que nos faz esquecer de nós mesmos e manter o nosso cérebro e
sistema nervoso numa frequência de alta produção de stress e ansiedade que nos
leva a desarmonias permanentes. Dessa forma, o corpo começa a ajustar-se ao
stress e à ansiedade como algo “normal” e a produção de cortisol e outros
químicos inunda e intoxica todo o nosso organismo tornando-o desequilibrado e
doente. Penso que a cultura do medo e da mediocridade amplamente divulgada pela
televisão e meios de comunicação social é outra das grandes razões para nos
sentirmos constantemente ansiosos, deprimidos e com medo do futuro. Tudo isto
conjugado com uma má alimentação e outros maus hábitos leva-nos facilmente à
doença.
A questão da energia vital e da forma como tudo flui no nosso
corpo é algo que ainda continua a ser demasiado abstrato para muita gente. Há
uma maneira mais simples de explicar isso aos nossos leitores?
R:
A forma mais simples que eu costumo usar para explicar é tentando mostrar como
tudo é energia em diferentes frequências. O ar é uma frequência de energia
menos densa que nos permite facilmente “passar” através dele enquanto que a
água é uma frequência ligeiramente mais densa que lhe dá a consistência que
todos nós conhecemos. Depois temos, por exemplo, o nosso corpo físico que é um
conjunto de frequências mais densas ou uma parede de betão com uma frequência
ainda mais densa que o nosso corpo. Então quanto mais densa é a frequência,
mais difícil é “trespassar” esse “corpo”. Dessa forma, torna-se mais fácil
compreender que para além da matéria física do nosso corpo (músculos, tendões,
órgãos internos, sangue, etc) que correspondem a diferentes frequências de
vibração, existem outras “energias” ou frequências que dão ordem ou caos ao
nosso sistema. Hoje em dia já temos leitores do campo eletromagnético que nos
permite medir a frequência geral a que vibramos. Então é interessante vermos
que alguém que tenha um campo eletromagnético mais amplo e com uma frequência
mais alta, tenha naturalmente uma saúde mais vigorosa, equilibrada e resistente
que uma pessoa com um campo eletromagnético reduzido. De forma simplificada, a
energia vital que flui pelo nosso corpo é como a eletricidade que flui num
sistema elétrico. Se existe abundância e harmonia nesse fluxo elétrico, o
sistema funciona. Se existe abundância e harmonia na energia vital do corpo
humano ele irá funcionar no seu potencial máximo.
O que cria bloqueios energéticos no corpo?
R:
Na visão da MTC, as principais razões para os bloqueios energéticos são as
emoções desequilibradas como, por exemplo, excesso de raiva, frustração,
alegria excessiva, demasiada tristeza ou depressão prolongada. Para além disso,
qualquer trauma ou choque emocional podem também causar bloqueios energéticos.
Depois temos as razões externas como acidentes físicos em que, por exemplo, partimos
um braço e gera-se localmente um bloqueio energético que causa dor e
desconforto até se regenerar ou curar totalmente.
Existe ligação entre mente, emoções e estado físico? Qual é a
melhor forma de manter estas componentes em equilíbrio?
R:
Claro que sim. Em pleno século XXI, continuarmos a pensar que a mente
(atividade cerebral e corporal), as emoções e o nosso estado de saúde física
estão separados de alguma forma, é continuar a viver em pleno século XIX. É por
demais evidente que tudo está ligado e que o corpo humano é um “computador”
incrivelmente sofisticado. Na MTC temos uma visão holística do ser humano e
vemos o aspeto/estado físico do paciente como um reflexo do seu estado
emocional e da sua atividade mental, e vice-versa. É possível fazermos um
diagnóstico inicial do estado mental da pessoa através da face e do seu aspeto
físico, da forma como fala, como respira e como se move. Então, para nós,
terapeutas de MTC, tudo é indicador do estado de saúde do paciente. Ou seja,
tudo está ligado.
Os problemas gastrointestinais, dermatológicos e autoimunes são
algo cada vez mais frequente na sociedade hoje em dia. Que tipo de ajuda nos pode dar a medicina
tradicional chinesa nestes casos, de modo a restabelecer o
equilíbrio?
R:
Esses são, sem dúvida, alguns dos problemas mais atuais e graves que nos estão
a surgir. A questão é que eu teria de ver caso a caso e diagnosticar em
profundidade, tentando encontrar a raiz do desequilíbrio que leva à
manifestação da doença. Ou seja, tornar-se-ia simplista estar a dar dicas
gerais para estes problemas que podem ter causas tão variadas e profundas.
Dessa forma, prefiro aconselhar a que cada pessoa com este tipo de problema de
saúde encontre um bom profissional para que ele assim possa diagnosticar e
estabelecer uma estratégia de tratamento que lhe permita obter os melhores
resultados possíveis. E sim, são tudo doenças, ou desequilíbrios, que se tratam
com a MTC.
Tenho curiosidade de que forma um terapeuta como tu olha para a
compulsão alimentar e para tudo o que é uma combinação de falta de
controlo e algo que se faz em excesso? Visto que o stress e os estados
emocionais negativos muitas vezes desbloqueiam essa resposta, existe algo que a
medicina tradicional chinesa pode fazer por alguém que sofre de compulsão
alimentar ou de outro vício com funcionamento semelhante?
R:
Acho que já começaste a responder à pergunta dentro da própria pergunta
(risos). De facto, todo o tipo de comportamento compulsivo terá a sua raiz num
desequilíbrio baseado no excesso de stress a que o paciente está exposto. De
forma muito simplificada, uma compulsão por alimentos doces poderá mostrar-nos
um desequilíbrio no funcionamento do “Sistema Terra” que engloba o estômago e o
baço. A necessidade de comer muitos salgados indica um possível desequilíbrio
no “Sistema Água” que envolve os rins e a bexiga. Então, a partir dessas
correlações entre “Sabores” e “Sistemas”, conjugado com o restante diagnóstico,
iremos tentar equilibrar o sistema afetado de forma a que a compulsão fique
estabilizada e deixe de afetar o paciente. Para isso usamos principalmente
acupuntura e fitoterapia, se bem que a massagem também seja fundamental.
O corpo fala. Concordas com esta expressão? Quais são os aspetos
aos quais devemos prestar mais atenção para aprender a prevenir, em vez de
remediar?
R:
Sem dúvida. O corpo diz-nos tudo. Na MTC, fazemos o diagnóstico do paciente
observando o seu corpo. Todo o corpo nos dá informação valiosa para confirmar o
diagnóstico e as “queixas” do paciente. Na MTC temos a observação da língua, do
pulso, a tez do paciente, a voz e o próprio cheiro, imagina! O método de
diagnóstico que conhecemos como Iridologia atualmente, é também um dos métodos
de diagnóstico mais importantes na medicina chinesa. Devemos estar atentos a
todo e qualquer sinal que o corpo nos dê como, por exemplo, falta de apetite ou
apetite excessivo. Eu compreendo que, não sabendo estes princípios, é natural
um paciente dizer-me que está sempre com fome e que sempre foi assim, sempre
teve tendência a ser “comilão” ou ter alguma pequena “obsessão” por um alimento
específico. No entanto, nós que estamos na área, podemos fazer uma série de
ligações, e após o diagnóstico iremos compreender qual é a falta nutricional,
desequilíbrio bioquímico/energético ou emocional pelo qual a pessoa está a
passar. Devemos também estar atentos ao facto de nos sentirmos cansados física
e emocionalmente por períodos longos. Compreendendo que o ritmo de vida
atualmente é muito intenso, é natural que surjam períodos de cansaço com necessidade ao recolhimento para recuperação
física e mental da pessoa. No entanto, quando este cansaço se torna “crónico”,
ou se apresenta de forma prolongada ou permanente, é importante agir porque o
estado natural do ser humano deve ser um estado de grande vitalidade e
bem-estar emocional, ao contrário do que nos ensinam alguns dos maiores
representantes do “status quo” no que toca à saúde e medicina.
Nas minhas consultas que, como sabes, são muito focadas no
comportamento alimentar, observo constantemente a importância das emoções nos
hábitos de vida e estado de saúde. Existe uma grande tendência para suprimir,
para “varrer para debaixo do tapete” e até negar estados emocionais negativos, acreditando que ao fazer de conta que não existem, elas não
terão poder sobre nós. Qual tem sido a tua experiência e de que forma achas que
as emoções afetam a nossa saúde física e mental?
R:
A minha experiência tem sido muito interessante porque me revejo muito nos meus
pacientes. Existe sempre algo deles que reside em mim, nem que sejam pequenos
núcleos no subconsciente e que vêm à flor da pele quando estou com eles. Tenho
vindo a perceber isso com o passar do tempo. Ou seja, todos os pacientes me
ensinam algo de mim mesmo e por isso todo e qualquer julgamento que costumava
ter, acaba por ficar bem mais brando. É um fenómeno muito interessante. Quanto
ao “varrer para debaixo do tapete”, a supressão de emoções e a negação, são
todos comportamentos muito mais comuns do que aquilo que se pensa. Normalmente,
acho muita piada aos pacientes que dizem não suprimir/reprimir nada, ou que não
negam as suas emoções porque costumam ser os que mais se “protegem”, usando
essas “técnicas”. A raiva, por exemplo, é uma das emoções que sempre esteve
muito presente no meu subconsciente e à qual eu não dava grande atenção
consciente, e que até considerava nem ter. No entanto, nos últimos anos, entrei
num processo muito intenso de auto-cura que me levou a ver a enorme quantidade
de raiva suprimida que eu guardava no corpo. Este tipo de fenómenos é muito
comum. Custa e dói muito olhar nos olhos da nossa “sombra”, da nossa escuridão.
Mas é um processo que tem de ser encarado. É óbvio que o “varrer para debaixo
do tapete” nunca resolveu nada e “otimismo vazio” também não. Acho super
importante cultivarmos um “mindset” positivo e otimista, no entanto negar que
temos falhas e dores e problemas internos a resolver só faz com que esses
problemas se agravem.
Na tua opinião, o que se deve fazer com estados emocionais (vistos como) negativos, tais como
ansiedade, depressão, raiva, frustração, desmotivação?
R:
Na ansiedade, precisamos de ir à sua raiz e resolvê-la. A ansiedade pode ter
inúmeras causas, mas a mais fundamental é a falta de um pai ou presença (pilar)
masculino na nossa infância. A energia masculina, representada pelo pai - ou
algum modelo de masculinidade na nossa família, dá-nos estabilidade e a
segurança. Quando o pai é ausente ou a sua presença é desequilibrada, é lançada
a semente de um medo profundo no subconsciente da criança que se manifesta como
ansiedade, por não ter essa estabilidade e segurança que necessita. Então é
comum que uma pessoa que sofra de ansiedade
crónica, tenha na realidade a raiz do problema na sua infância, mesmo que não
se lembre do(s) momento(s) em que o trauma se iniciou.
Na
depressão, é importante libertar o fígado e ajudar a pessoa a projetar-se no
futuro, em vez de permanecer presa ao passado. Na MTC, vemos a depressão como
uma estagnação de Qi do Fígado, uma condição muito comum, hoje em dia, devido
às dificuldades da vida quotidiana e da rapidez com que o mundo se transforma e
muda. Grandes choques ou traumas emocionais podem ser também causadores de
estagnação do Qi do Fígado, levando ao que chamamos de “depressão”. Teremos
então de libertar o Qi estagnado do Fígado e estimular o seu livre fluxo para
que a pessoa se liberte do acontecimento que a deixou presa ao passado e possa
viver o seu presente, projetando um futuro promissor e entusiasmante.
A
raiva e a frustração estão muito próximas (na visão da MTC) e precisam ser
expressas, progressiva e inteligentemente, através do movimento físico e da
criatividade. Estão ambas intimamente relacionadas com o mau funcionamento do
Fígado. A raiva é a expressão de algum desejo que não foi vivido e, por
consequência, reprimido no interior da pessoa. A frustração é uma
energia/emoção que só surge após um longo período de supressão, é uma expressão
de algo com enorme carga emocional que foi sendo acumulado ao longo do tempo.
Então precisa ser expressa de forma progressiva, inteligente e criativa porque
é o lado negro da energia criativa, relacionada com o fígado.
A
desmotivação precisa ser reprogramada, ou seja, uma pessoa desmotivada é uma
pessoa que perdeu o seu rumo. A desmotivação é algo que pode ser agravado por
problemas nutricionais, mas a sua raiz está no facto de a pessoa sentir que
está a usar o seu tempo e energia em algo que não acredita. Na visão da MTC,
poderemos relacionar a típica “desmotivação” com um vazio de Qi do Rim ou do
Coração, mas cada caso é um caso e teríamos de perceber qual dos sistemas
estaria desequilibrado.
Fiquei intrigada e muito interessada nas tuas consultas de Cura
Profunda. Podes explicar em que consistem e para quem são indicadas?
R:
A consulta de Cura Profunda é uma consulta especial. É um processo mais longo
que o normal, pode levar de 1h30 a 3 horas. É um processo que envolve um
diagnóstico completo para saber o problema que o paciente quer resolver ou
começar a tratar. É uma consulta que envolve as várias terapêuticas que
pratico, mas desta vez com um toque especial porque é uma consulta onde me guio
muito pela intuição, tentando compreender a verdade por detrás do óbvio que o
paciente me diz. Então faço uma leitura energética da pessoa aquando do
diagnóstico e depois a consulta pode tomar muitos rumos. Normalmente, aplico as
terapêuticas que uso no dia-a-dia, mas de forma conjugada e intuitiva como, por
exemplo, a acupuntura, massagem com óleos essenciais, auriculoterapia, cristais
radiónicos, limpeza energética consciente, hipnoterapia, coaching e defumação
shamânica.
É
uma consulta muito poderosa e é indicada para toda a gente, se bem que nem toda
a gente estará preparada para ela (sorrisos…). É uma consulta mais indicada
para resolver questões do passado como trauma, bloqueio emocional, e outros
problemas do foro psicológico e espiritual.
“Eu sou assim e simplesmente não consigo mudar”; “Enquanto
estiver com esta pessoa não consigo mudar”; “Enquanto tiver este emprego, este meio
e estes níveis de stress, não consigo mudar” – são coisas que eu oiço muitas
vezes em contexto de consulta. O que achas desta ideia de “sou o que sou e não
há nada a fazer” e qual é a tua opinião sobre adiar o bem-estar devido a
relacionamentos e circunstâncias de vida que nos limitam?
R:
É uma questão muito comum, infelizmente. Costumo dizer que “Todas as desculpas
são verdadeiras e reais até ao momento em que decidimos arranjar soluções para
os nossos problemas”. Existe uma espécie de ditado zen que é mais ou menos o
seguinte: “O Homem que diz que não consegue, está certo. O homem que diz que
consegue, também está.” A realidade é que um ambiente familiar destrutivo, uma
relação tóxica, um emprego stressante ou um salário baixo são sempre razões
válidas para nos sentirmos “presos” ou incapazes de avançar para uma
transformação poderosa na nossa vida. Compreendo todas essas razões. No
entanto, por experiência própria, e por aquilo que vejo quase todos os dias, é
nas pequenas decisões assertivas que fazemos todos os dias, que vamos
sustentando a capacidade de tomar as grandes decisões. Então, quando somos
capazes de ser assertivos e decisivos - ajustando o barómetro e a bússola das
nossas vidas na direção dos nossos sonhos ou de um estilo de vida mais gratificante
-, é quando as grandes transformações acontecem, é aí que a vida nos
surpreende. É nesses momentos que percebemos de forma evidente que vivíamos há
demasiado tempo num ambiente muito abaixo daquilo que merecíamos como, por
exemplo, numa relação tóxica. Quanto a adiar o nosso bem-estar por causa de um
relacionamento, acho que é a receita perfeita para o falhanço total. Eu próprio
já o fiz e compreendo que em alguma fase da vida todos já o teremos feito de
alguma maneira. Não quero dizer com isto que as relações não se possam
recuperar de fases mais complicadas. No entanto, adiar projetos e sonhos em
prol de um ideal de relacionamento que já não existe, só porque não temos
coragem de assumir e resolver a nossa vida, é muito irresponsável da nossa parte.
Tanto para comigo como para com a minha parceira, parece-me demasiado
irresponsável adiarmos a nossa vida e os nossos projetos quando já não se vive
em sintonia. Percebes?
É
evidente que cada pessoa no casal terá de aprender a ceder quando necessário,
adaptar-se à vida conjunta e tudo o resto que uma relação séria implica, mas
parece-me que esse fluxo deve ser completamente natural e não dependente da
anulação de alguma das partes. As relações são de facto o pilar mais importante
da nossa vida, tanto a nível familiar como romântico, social e até
profissional. São as relações que nos impelem a crescer, transcender e a
amadurecer. É por isso mesmo que é de vital importância compreendermos quando
um relacionamento, seja de que natureza for, nos está a ajudar a crescer ou
simplesmente nos puxa numa espiral descendente sem fim à vista. Aí é preciso
tomarmos decisões. Quanto ao “sou o que sou e não há nada a fazer”, sugiro a
leitura e estudo do trabalho do Dr. Joe Dispenza. Se existe alguém que faz a
ponte entre a mente humana, ciência e espiritualidade para a transformação e o
crescimento pessoal é ele. Aconselho vivamente.
A dor é real e faz parte da vida. O sofrimento é opcional.
Concordas? Qual é a tua visão sobre o sofrimento humano? Porque é que ele
existe?
R:
Concordo plenamente. Costumo usar essa afirmação quando dou aulas ou falo para
grupos. A razão do sofrimento, ou o seu intuito, é fazer-nos crescer. A
natureza, a existência, Deus – ou como lhe queiras chamar -, deseja
experimentar-se e viver-se através de nós. Há uma vontade intrínseca no ser
humano de aprender mais, crescer, de se expandir, que é alimentada por esta
força suprema que nos move interiormente. Então a dor é uma espécie de pequeno
empurrão por parte da Existência quando deseja que nos movamos, continuando
sempre a crescer nesta jornada infinita. O sofrimento é quando nós resistimos à
dor – a esse impulso da Natureza que Tudo É – e ficamos presos num processo
psico-emocional em que relembramos continuamente a razão da nossa dor, causando
por consequência sofrimento. A dor poderá então ser considerada uma reação
imediata e natural à mudança, ao crescimento e à transformação que a Natureza
espera de nós a cada momento. O sofrimento é quando nos agarramos a essa dor e
a prolongamos no tempo como parte de nós mesmos, como se a dor ou trauma de um
momento específico ficasse agarrado a nós e o revivêssemos constantemente,
justificando-o e reforçando-o, pois então. É isso que acontece na esmagadora
maioria dos casos de depressão: a pessoa sofre uma dor muito grande, uma
separação muito difícil, um trauma violento, e nunca mais o supera
completamente, ficando todo o seu sistema nervoso, endócrino, etc, preso a um
acontecimento passado. Por vezes, esse momento aconteceu há 20 ou 30 anos e a
pessoa continua a revivê-lo diariamente com a mesma intensidade interior como
no dia em que se passou. É compreensível que com o passar do tempo, o nosso
sistema nervoso vá memorizando a nível neuronal essa resposta emocional, de tal
forma que a pessoa, a partir de certo momento, não se consiga libertar dessa
reação, dessa memória, dessas emoções fortes e negativas. O corpo vicia-se nos
químicos libertados pela depressão, pelo medo, raiva e frustração. E nesse
momento, a pessoa deixa de ter poder de decisão sobre essas memórias e emoções…
até ao momento em que decide mudar e transformar a sua vida, até ao momento em
que decide assumir responsabilidade pela sua experiência de vida.
E quando o prazer e a alegria de viver se perdem? Qual seria a
tua recomendação para alguém que está nesta situação e não encontra a saída
dessa espiral negativa?
R:
Fazer voluntariado em associações que lidem com pessoas sem-abrigo, alcoólicos,
vítimas de violência doméstica, toxicodependentes e casos bastante graves.
Normalmente este choque ajuda-nos a compreender que estamos muito melhor do que
pensamos e dá-nos uma sensação de contribuição. Na noite de Natal, por exemplo,
em vez de ficarmos no conforto de nossas casas – a imaginar o quão miseráveis e
deprimidos somos, juntamo-nos a associações que estejam na rua a dar refeições
a sem-abrigos. É uma forma maravilhosa de compreendermos que temos uma casa,
que pode estar mais ou menos vazia, mas que a temos. É uma forma maravilhosa de
virarmos o foco do nosso ego para ajudar alguém, contribuindo e servindo o
próximo. Aconselho também a prática de atividade física intensa e de choque,
que tirem a pessoa do seu estado apático e letárgico, obviamente com
aconselhamento profissional da área. Uma pessoa que entre numa espiral negativa
de letargia em que perde efetivamente a alegria de viver e o prazer pelas
coisas simples da vida, precisa de um estímulo de choque, orientado por alguém
que a possa ajudar na jornada.Nestes casos, a acupuntura pode ser bastante
efetiva, acompanhada da fitoterapia ou suplementação vitamínica e mineral. No
entanto, as terapias de choque são as melhores, sem dúvida. Como é a minha área
de especialização, aconselho a pessoa a sentar-se, fechar os olhos e focar a
sua atenção no coração, no centro do peito. Chama-se a isto meditar sobre o
Coração. Aconselho o paciente a ficar sentado durante 10 a 20 minutos por dia,
simplesmente a relaxar no coração, a sentir a respiração. Garanto que depois
das primeiras sensações de tristeza e desânimo surgirão emoções profundas de
paz, de compaixão, de gratidão, expansão e um grande regozijo por estar
simplesmente a respirar e por se sentir vivo.
Além de tudo o resto, és professor de Yoga. A minha definição de
Yoga resume-se a algo que vai muito além da flexibilidade física. Para mim,
Yoga é uma flexibilidade mental e um fluir com a vida, tal como ela é aqui e
agora. Qual é a tua definição?
R:
O Yoga é uma filosofia prática. É uma arte milenar que nasceu na Índia, cujo
objetivo é o desenvolvimento, harmonização e unificação do Ser. A palavra Yoga
deriva do Sânscrito e tem a sua raiz em Yuj, que significa unir, atar, juntar.
Juntar o físico com o mental, levando à união integral do ser humano. O Yoga é
composto por práticas corporais, respiratórias, relaxamento, concentração,
auto-conhecimento ou auto-estudo, meditação e observações éticas e morais que
estabelecem uma harmonia tanto interna quanto externa do indivíduo para que a
experiência de Unidade permita o estado de plena compreensão da nossa condição
humana e consequente realização de um estado profundo de felicidade. O objetivo
final da prática é reintegrar o indivíduo como um todo para que a experiência e
a realização dessa Unidade seja possível. A meta é Moksha, um estado de
liberdade e descondicionamento do homem, que tem como consequência natural o
Samadhi, um estado amplificado de consciência e felicidade.
Cada vez mais, existe a noção que Yoga é uma forma de viver e de
olhar para o mundo. De que forma o Yoga mudou a tua vida e que benefícios pode
ter para pessoas de faixas etárias diferentes?
R:
O Yoga salvou a minha vida. Costumo dizer isto e não estou a exagerar. O Yoga
foi a primeira disciplina que me ajudou a ter algum domínio sobre os meus
estados psicoemocionais e, por consequência, a acalmar todo o tipo de emoções
na faixa da ansiedade, frustração, raiva, tristeza, depressão, etc. O Yoga foi
a primeira disciplina que me mostrou que havia um caminho, ou uma prática,
acessível a todos os seres humanos e que nos pode ajudar a viver uma vida com mais harmonia, equilíbrio, paz
e felicidade. É sem dúvida a prática mais completa e complexa que conheço e
também a mais ampla porque ajuda o ser humano a trabalhar todas as áreas da sua
vida. Aconselho toda a gente a experimentar uma aula de yoga para verem se
gostam. Grande parte das pessoas que chegam à primeira aula comigo dizem coisas
do género: “Eu não consigo estar parada”, “Eu não tenho flexibilidade”, “A
minha cabeça não para”, etc, etc, etc. E eu acho isso maravilhoso porque é para
isso mesmo que o yoga existe. É evidente que uma pessoa com grandes
dificuldades físicas ou de movimentação, deverá procurar uma prática mais
meditativa e simples, mas que a possa ajudar também. E o Yoga tem práticas para
todo o tipo de pessoas. A questão, uma vez mais, é se as pessoas têm coragem e
disciplina suficientes para levar uma prática avante e a longo prazo.
Hoje em dia muitas pessoas queixam-se de uma mente
excessivamente estimulada, acelerada e sobrecarregada. Qual é o teu conselho
para todos aqueles que se interessam por meditação, mas têm imensa dificuldade
em implementar essa prática? Existe algum truque? Por onde começar?
R:
O meu truque é praticar (risos). Não há soluções milagrosas. A Existência
precisa que nós façamos a nossa parte para que ela possa fazer a Sua.
Compreendes? As mentes irrequietas (como a minha, por exemplo!) são as melhores
para meditar porque são aquelas que notam grandes resultados rapidamente. O que
eu aconselho às “mentes irrequietas” é que procurem uma meditação guiada para
começarem a experimentar. Aconselho vivamente as meditações do Dr. Joe
Dispenza. Para terminar, gostaria de revelar um segredo. Porque, sim. Existe um
segredo para começarmos a meditar… Esse segredo chama-se “arranjar uma hora por
dia para nós mesmos!” (risos). E “se não tens uma hora por dia, então não tens
vida”, como diz o meu querido Tony Robbins.
Já falamos do corpo, da mente e das emoções. E a
espiritualidade? O que significa para ti e consideras-te uma pessoa espiritual?
R:
Quando se fala em “espiritualidade” parece que estamos a falar de algo separado
do nosso quotidiano, do nosso dia-a-dia, do nosso coração. Eu vivo a minha
espiritualidade a cada dia, a cada respiração e a cada momento. Não gosto de
separar as coisas porque isso gera uma tendência a sermos muito “espirituais”
quando estamos a meditar, ou quando acendemos uma velinha, ou quando estamos em
oração, para logo depois nos tornarmos muito “mundanos” quando voltamos para a
vida “normal”. Então eu decidi há vários anos viver espiritualmente todos os
dias, todos os momentos, sem que para isso tivesse de estar a meditar ou a
queimar incenso. Eu sou espiritual enquanto estou a responder a esta
entrevista, quando cozinho, quando conduzo, quando leio, quando dou consultas,
quando estou a correr, quando faço yoga, quando falo com a minha mãe, quando
discuto com alguém, quando digo palavrões…Eu sou espiritual porque não há
verdadeira separação entre “espiritualidade” e “quotidiano”, pelo menos, para
mim. Agora, eu compreendi a tua pergunta. É evidente que a espiritualidade
significa algo. A espiritualidade é um código de conduta que se deve reger por
um comportamento que a demonstre a cada momento. O meu resume-se a amar o
próximo, respeitar as diferenças e a individualidade de cada pessoa, a dizer
“bom dia” e “boa noite”, a ser atencioso com toda a gente, a ajudar as pessoas
sempre que o puder fazer. No entanto, se me perguntas como o faço, poderei
dizer que me ajuda imenso quando invisto duas ou três horas do meu dia a
meditar, por exemplo. Ajuda-me porque quando entro em meditação - quando as
ondas do meu cérebro passam de Beta Alta (stress, ansiedade, tensão, etc) para
Alfa, Theta, Delta ou Gama, o meu coração e o meu cérebro entram em coerência e
é possível sentir a Unidade Absoluta, o Amor, a Paz e os estados de expansão de
Consciência incrivelmente extáticos que os monges budistas, os ioguis e os
místicos falaram ao longo dos tempos. Então o segredo é esse: praticar!
Para ti, quais são as coisas mais importantes na vida, que
frequentemente esquecemos?
R:
As coisas mais importantes na vida são o amor, a liberdade, a saúde, a
criatividade, a literatura, a música, o cinema, a transformação/crescimento
pessoal e a celebração do facto de estarmos vivos. Frequentemente vejo que nos
esquecemos de celebrar o simples facto de estarmos vivos e de nos amarmos
incondicionalmente. Esta é uma condição básica para sermos mais felizes, mesmo
em tempos difíceis. Simplesmente agradecer a bênção por estarmos vivos, termos
um corpo, respirarmos, termos comida na mesa, termos uma família e tantas
possibilidades à nossa espera no horizonte.
O que dirias a alguém que precisa muito de mudar a sua vida por
completo, mas (quer seja devido a hábitos de vida, tipo de emprego ou um
relacionamento), está de tal forma bloqueado e preso na realidade atual, que
nem sabe por onde começar?
R:
Isso é uma questão muito comum, em consultório. As pessoas não me procuram só
pela acupuntura, mas também pelo coaching e aconselhamento. Normalmente preciso
de ter a pessoa à minha frente para falar com ela e tentar compreender o que
realmente a impede de seguir com a sua vida. Quando compreendo a raiz do
problema, oriento as perguntas no sentido de levar a pessoa a compreender por
si quais os pensamentos limitativos que ainda sustenta, os padrões que a
prendem ao passado e os medos que a impedem de seguir em frente e tomar as
decisões que tem de tomar. É um processo em que costumo sugerir um trabalho de
casa, para que na sessão seguinte possamos ir ainda mais fundo no processo. Não
é simples, mas conjugado com a hipnoterapia e com técnicas de meditação e
libertação emocional, normalmente vemos evolução.
Como é que as pessoas podem contactar-te?
R:
Principalmente através do Facebook, através dos seguintes links:
Email:
andredeoliveiramtc@gmail.com
Contacto
telef: 967695679
“Se
há algo em que confio é na capacidade do Homem se transformar e transcender.
Não quero com isto dizer que todos o irão fazer. De todo. Muitos de nós -
muitas partes de nós -, assinaram o atestado de óbito antecipado na ânsia de
aliviarem a responsabilidade de si mesmos. Uma parte de nós escolheu resumir-se
ao julgamento do "outro" e à sua própria vitimização, esquecendo o
poder criativo que reside dentro de Si. Somos todos formas individualizadas da
Consciência que tudo é. O resto é ilusão. O resto são personagens dentro de um
filme, dentro de um filme, que está dentro de um outro filme sem fim”
–
André de Oliveira
Resta saber então, que filme é que cada um de nós escolhe viver?