20 maio, 2017

Alimentação crudivegana: Pela saúde, pelos animais e pelo planeta!


Aqui está a entrevista sobre alimentação crudivegana para a Mood: https://mood.sapo.pt/zlati-dencheva-adotei-a-alimentacao-crudivegana-pela-saude-pelos-animais-e-pelo-planeta/

O percurso de Zlati Dencheva começou na área da saúde mental, com a sua formação em psicologia. Contudo, o seu interesse principal sempre esteve mais ligado ao comportamento alimentar e aos diferentes modos de vida.


Foi essa paixão que a levou a especializar-se em Naturopatia e Terapias Complementares, bem como em Desintoxicação Regenerativa. A psicóloga e naturopata tem um blog, ‘Vida em estado cru‘, dá consultas e partilha diariamente dicas num grupo do Facebook que lidera – ‘Vitaliza’. Uma eterna apaixonada pela vida, Zlati partilha com a Mood aquilo que a move, a filosofia crudivegana.



A Zlati pratica um tipo de alimentação diferente da maioria dos portugueses. Pode explicar a sua base?



A alimentação que pratico é uma alimentação vegan, predominantemente crua e baixa em gorduras. Ou seja, é 100% de origem vegetal, com predominância de fruta e vegetais que se encontram no seu estado natural, frutos secos, sementes e abacates com moderação, bem como alguns alimentos integrais cozinhados de forma simples.  Todos os grupos alimentares  dos quais precisamos estão presentes neste tipo de alimentação.



O que a levou a adotar este tipo de alimentação?



Foi a saúde que tinha enquanto mantinha uma alimentação dita tradicional.  Desde os 17-18 anos de idade que as minhas idas ao médico começaram a tornar-se bastante frequentes.  Défices de ferro persistentes e anemia, defesas muito baixas, infeções urinárias crónicas, candidíase e infeções bacterianas sistémicas que começaram a evoluir para infeções renais eram apenas alguns dos problemas. O meu uso de antibióticos e medicação no geral estava a aumentar de ano para ano e a medicina convencional simplesmente não me oferecia uma solução. Adotei esta alimentação pela saúde, pelos animais e pelo planeta – porque todos beneficiamos desta escolha.  



Há algum problema em consumir refeições cozinhadas?



Não, desde que sejamos capazes de preparar, incluir e usar os cozinhados no momento certo, nas proporções adequadas e optando pelos alimentos dos quais beneficiamos – integrais e de origem vegetal. A comida cozinhada pode ser usada para nos trazer mais equilíbrio a todos os níveis, mas é preciso ter em consideração o que cozinhamos, como cozinhamos e quais são os seus efeitos no nosso organismo. O ser humano é  predominantemente alcalino e é assim que deve permanecer, de modo a preservar a sua saúde e a não envelhecer de forma prematura. Podemos perfeitamente incluir cozinhados baixos em gorduras, mas acompanhá-los sempre com vegetais crus e outros alimentos que não foram alterados por processamento térmico.



Foi difícil esse processo de reeducação alimentar?



Para mim, chegou um ponto em que já era muito mais difícil continuar a lidar com a dor e os problemas de saúde que tinha do que mudar de hábitos alimentares e de estilo de vida. O desespero foi a minha motivação inicial. Descobrir o quão bem podia sentir-me no meu corpo ao comer e viver de forma mais natural foi o que continuou a manter a minha escolha a longo prazo. Não foi uma mudança que aconteceu da noite para o dia, mas eliminar os problemas que tinha foi sem dúvida a confirmação e a maior força no meio de todo este processo de transição, que no meu caso durou quase três anos.


Como é a sua alimentação num dia normal?

Nos meses quentes costuma ser fruta (durante todo o dia) e uma salada grande e variada com sementes, sumo de vegetais e opcionalmente algo cozinhado de origem vegetal à noite. Nos meses mais frios, opto por fruta ao pequeno-almoço e lanches, salada variada com sementes/futos secos e sumo de vegetais ao almoço e algo cozinhado de origem vegetal e salada generosa à noite.


Como se obtêm nutrientes como gordura e proteína?



Todos os grupos alimentares estão presentes neste tipo de alimentação. As gorduras estão nos frutos secos (amêndoas,  nozes,  avelãs, etc.), nas sementes (linhaça moída, cânhamo, chia, girassol, sésamo, etc.), nos abacates, nas azeitonas, entre outras. As proteínas estão em todos os vegetais (e em maiores concentrações nos vegetais de folhas verdes, brócolos), bem como nos alimentos integrais, como lentilhas,  quinoa, arroz integral, feijão, entre tantas outras opções. Esta proteína é muito mais facilmente assimilável e utilizada pelo nosso corpo em comparação com a proteína animal.
  


Nas suas consultas certamente já testemunhou imensos casos de sucesso. Há algum em particular que queira partilhar?



As histórias são muitas, mas nem preciso de ir tão longe.  A minha própria família (eu, marido, pais) fomos um caso conjunto de sucesso bastante grande e diversificado: gastrite crónica, sinusite crónica, Helicobacter pylori com alterações significativas da mucosa, ovários poliquísticos, candidíase, tensão baixa, infeções urinárias crónicas, infeções bacterianas sistémicas (com duração de mais de três anos e meio) , hipertensão, pré-diabetes, colesterol elevado, queda de cabelo, problemas de visão, problemas do sistema nervoso …a lista é longa e tudo isso foi eliminado.



Esta dieta não lhe dá fome mais vezes?



Não, desde que se coma o suficiente e de forma equilibrada. É uma alimentação que principalmente no início implica comer mais do que se come na alimentação tradicional em termos de quantidades. Mas esta é precisamente a boa notícia para quem gosta de comer! Não há contagem de calorias, não há dietas yo-yo, não há peso a oscilar e medo que o que comemos nos deixe pesados, sonolentos ou com mais massa gorda. Come-se até ficar saciado, com abundância, variedade e muita cor à mistura!